Parque da Cidade - Projeto Premiado

Localização: Belém do Pará - PA

Área: 560.000 m²

Ano do projeto: 2020

Situação: Concurso Público Nacional – 1º Colocado

Coautores: Marcos Bresser, Thiago Maurelio, Guilherme Faganello, Vitor Martins

A perspectiva de transformar um terreno urbano que ao longo dos últimos 80 anos abrigou um dos programas arquitetônicos mais paradigmáticos do último século - o aeroporto - e que agora apresenta-se vago, traz consigo reflexões históricas e territoriais a serem levadas em conta.

A concepção de um projeto arquitetônico-paisagístico-urbanístico para a construção do novo Parque da Cidade passa pela compreensão das três dimensões fundamentais para o desenvolvimento de um projeto arquitetônico: geográfica,  o “onde” no mundo ele se realizará e sua paisagem de fundo material e cultural; programática, ou o “o que” faremos do ponto de vista mais prático; e por fim, humana, ou o “para quem” este projeto se destina, com quem ele fala e quais vidas ele deve transformar.

Tendo como mote esta ideia de parque para todos, a definição do programa arquitetônico do Parque da Cidade passa tanto pela consideração do levantamento realizado pela SECULT junto à população, quanto pela proposição de programas complementares e espaços pluripotentes, capazes de se transformarem e se adaptarem aos novos usos que estão porvir ao longo do tempo, atendendo e ofertando espaços de qualidade para as a população paraense de todas as idades.

É a partir da leitura e da compreensão das dimensões histórica, geográfica, programática e humana que compõe o projeto arquitetônico-paisagístico-urbanístico lançamos as bases para o desenvolvimento desta proposta, que busca abraçar conceitos como a imaginação, formação, família, meio, comunidade, espírito e natureza do paraense.

A concretização dessas ideias se dá a partir de um sistema construtivo que visa uma interrelação tectônica e simbólica entre os novos edifícios do Parque da Cidade e os aviões que ora ali estavam presentes. O conceito desenvolvido para este projeto prevê a utilização de elementos estruturais metálicos leves, contraventados por travessas e/ou tirantes; pilares que “pousam” no solo como trens-de pouso; painéis de fechamento pré-fabricados; e coberturas em balanço que se estendem e protegem os edifícios como asas de um avião.

Quanto aos sistemas de circulação, o intuito foi gerar diferentes experiências aos usuários, com maior conforto, segurança e acessibilidade universal. A circulação interna do Parque foi pensada de forma sistêmica, em percursos que se adaptam e induzem aos diferentes ritmos do caminhar. Ciclovias, trilhas, alamedas, marquise, esplanadas e galeria compõem tais sistemas.

A topografia também é elemento de destaque, de maneira que buscou-se conciliar a criação de um novo lago à uma visão sustentável, através da reutilização integral do volume de terra removido dentro do próprio terreno, gerando uma nova topografia de suaves elevações para o parque que se contrapõe à planura exata e precisa da pista de pouso preexistente.

Considerando o fato de Belém ser a capital mais chuvosa do Brasil, o desenho do sistema de drenagem buscou tirar proveito deste contínuo movimento das águas para criar para além de uma obra de engenharia, um artefato de engenho.

A nível urbano o Parque Cidade pretende transformar a realidade local, interagindo com sua área envoltória e potencializando a mobilidade e a conectividade urbana da região. Assim, o desenho do Parque Cidade busca solucionar aspectos das conexões rodoviária, intermodal, cicloviária, de corredores verdes, e tecnológica, através de internet livre para todos.